FRANCESCO MAZZOLA, natural de Parma, e por isso cognominado "Il Parmigianino", em 1523, postou-se diante de um espelho convexo e pintou um auto-retrato. Este fato marcou o início de uma nova moda e de um novo estilo que foi conhecido pelo nome de Maneirismo. Pelo espaço de 150 anos, esta arte de afetação marcaria profundamente a vida intelectual e social de Roma a Amsterdã, de Madri a Praga (...). Por causa da perspectiva sob distorção do espelho convexo, vê-se, em primeiro plano, uma mão demasiadamente grande e anatomicamente insólita. Nota-se um movimento convulsivo que chega a ser vertiginoso. Ao fundo, distingue-se apenas confusamente uma minúscula parte da janela em forma de um triângulo alongado, onde a luz e a sombra tentam desenhar alguns sinais hieroglíficos. O retrato, em forma de medalhão, apresenta-se como modelo característico do espírito (...). O quadro não é apenas o retrato do Parmigianino, que morreu bastante jovem. Ele retrata ainda o homem do Maneirismo, o janota cerebral e melancólico, que, segundo Baudelaire, se apresenta como 'alguém de destaque' e que procura 'viver e dormir diante de um espelho'. O quadro também revela algo a respeito da situação política, assaz caótica, na Europa de então. Nota-se uma ânsia por atingir o extravagante, o singular, o exótico, e tudo quanto se dissimula para além e no seio da realidade física natural. Torna-se igualmente evidente a vontade de conservar uma distância aristocrática em face da sociedade. Todas essas tendências tornam-se legítimas graças a um talento "engenhoso", que não pode ser mais considerado como dependente das normas clássicas.
HOCKE, Gustav. MANEIRISMO: O MUNDO COMO LABIRINTO. São Paulo: Editora da USP: Perspectiva, 1974, p. 15-17.
Apaixonado pela arte de Caravaggio e de Rubens, o pintor espanhol Diego Velásquez era filho de um nobre português. Notável retratista, pintou Góngora, a quem Arnold Hauser qualifica como o maior representante do maneirismo em matéria de poesia na Espanha. No quadro acima, "As três meninas", além de desenvolver com maestria a idéia de "quadro-dentro-de-quadro", não se pode ignorar que é uma espécie de auto-retrato às avessas, mais irônico ainda pelo fato de que o pintor do quadro olha na direção de quem o pinta. O tema do espelho aparece em outras obras suas, como na célebre "La Vénus del espejo" e Velásquez pintou um auto-retrato propriamente dito. Obras como os retratos da Infanta Margarida e do Papa Inocêncio X mostram o uso que fazia da cor e dos efeitos de luz.
Além de a "Medusa" (olhando os olhos de quem olha), na mesma perspectiva de quem se encara no espelho. Acho uma metáfora muito boa (claro, diante da minha quase nula compreensão da arte)!
ResponderExcluirAbraços,
A.
Professor,
ResponderExcluirgostaria de tirar algumas dúvidas sobre o trabalho e sobre o material.
Você pode me mandar um e-mail?
antoniofhermida@gmail.com ou hermida@insones.com
Abraços,
A.
Professor
ResponderExcluirSou Magda, da sua turma de Literatura às segundas e quartas, 16 às 18h. Venho avisar-lhe que a colega Alciléa conseguiu para a apresentação do dia 07/10/2009 a sala 218C, no mesmo horário da aula.